sábado, 29 de agosto de 2009

Os homens são de Marte

Definitivamente. Os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus. O que os homens têm que não permite que eles percebam as coisas rapidamente? Porque sempre precisam de alguém com dois cromossomos X para dar explicações que sejam mais óbvias e escancaradas do que as que já estão na frente deles?

E não é que eles se confundam com a nossa mania de falar em entrelinhas. As entrelinhas existem e se você não sabe ler, meu bem, desculpa, mas não é tão difícil assim. Às vezes o "Não" é "Sim". O "Talvez" é "Não". O "Está tudo bem" é "Quero uma abraço". O "Precisamos conversar" é "Você está ferrado!". Como assim, ainda não entendeu? Sabe aquela vitrine? Não adianta tentar me convencer que os vestidos são todos iguais. Não são. São milhares de tecidos e cores diferentes. Só você não percebeu.

Já não bastava o fato de eles terem muito mais testosterona do que nós, serem muito mais fortes, terem mais neurônios (mas isso não importa muito - usamos os nossos de maneiras bem melhores), o que mais me irrita é que li recentemente que foi comprovado que, sim, eles conseguem emagrecer muito, mas muito mais rápido que nós. Pelo amor de Deus. Ah! Deve ser isso. Deus. Com certeza foi Ele que resolveu abençoar os homens dessa maneira. Já que pra nós, mulheres, deu todo o resto. O poder de persuadir como ninguém. O poder de entender as entrelinhas (sem precisar de desenhos e explicaçõezinhas). E o nosso sexto sentido? Desculpa, mas homem nenhum tem a percepção que nós temos. A gente pega tudo rápido. Escolhe, decide, faz e pronto. Não ficamos esperando a última palavra de ninguém.

Foi publicado em estudos recentemente que homens que possuem alto teor de testosterona são mais propensos ao divórcio e que são mais suscetíveis a relações extraconjugais. Eita hormônio poderoso esse aí. Faz com que eles fiquem eternamente na infância, não permitem relacionamentos saudáveis e duradouros.. Tsc, tsc, tsc. Prefiro meus níveis de vinte a trinta vezes mais baixo do que o deles. E estou muito bem, obrigada. Deixa eu ir jogar um "futebolzinho" com os caras e depois ir tomar uma cervejinha enquanto você fica aqui no meu lugar, tentando fazer as coisas que eu faço e tudo ao mesmo tempo pra ver quem ia ter TPM.

Homens são estranhos. E não vou procurar estudos que me expliquem porque somos tão diferentes. Talvez seja isso que dê a tão esperado "química" entre nós. Talvez irritar-se seja fundamental. Talvez não consguíssemos viver sem eles. Principalmente ELE. Aquele que te irrita como ninguém. Que te faz gritar, chorar e querer quebrar tudo. Que consegue te tirar do sério com um comentário. Que faz com que a sigla TPM seja alvo de uma discussão de meia hora. Mas que quando te abraça, todos os problemas ficam pra trás e as irritações.. Que irritações? Simplesmente ele. Com todos os defeitos e todos os problemas. Faz com que seja fundamental tê-lo em sua vida.

Se você ainda não encontrou seu ser tão "irritavelmente" fundamental.. Espere! Ele deve estar perdido por aí, esperando que alguma de nós explique pra ele pra qual lado deve ir.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Sem (ou seria: Cem?) motivos pra reclamar

Um lugar longe, muito longe da minha realidade. Casas que não parecem casas. Pessoas estranhas. Medo de pessoas que eu nem conheço. Pessoas que podem ser pais de família, que podem estar lutando pra SOBREviver nesse mundo. Eles é que deveriam ter medo de mim.

Eu, com esse preconceito enraizado. Essa mania de atravessar a rua toda vez que vejo uma pessoa que me parece estranha e que pode me causar riscos. Esse olhar julgador que nunca pensa bem de alguém que, na maioria das vezes, não quer me causar nada.
Eu, com essa cara de metida, essas roupas que pagam a comida do mês inteiro dos filhos deles, o carro (que não é meu), a bolsa (que não fui eu que comprei), os óculos escuros, o tênis. Essa imagem. Eu. Simplesmente eu. Eu que deveria causar medo neles. Eu que mostro pra eles como é o mundo aqui desse lado. Eu que fico reclamando que irei morar a algumas quadras de casa. Eu que reclamo que meu pai ainda não me deu um carro. Eu que reclamo que meus dois celulares não tem sinal. Eu que posso escolher entre risoto e massa. Eu que prefiro ficar em São Paulo do que viajar pra "aquele lugar". Eu que posso escolher. Eu que posso pedir. Eu que sou branca. Eu que acho que sou superior. Eu que falo que a pior coisa da minha vida é ter pego aquela DP. Eu. Eu. Eu.

E eles que moram lá? E eles que não sabem se vão ter o que comer no fim do mês? E eles que, talvez, nunca terão carro na vida? E eles que têm que roubar pra tentar ser como eu? E eles que nunca viajaram na vida? E eles que nem sabem o que é DP? E eles que não têm escolha??
Olhando pra eles eu sei que não tenho motivos pra reclamar. Que meus cem motivos tornam-se pequenos demais ou até nulos. Olhando pra eles percebo como sou egoísta por julgar mal, por atravessar a rua ou por não querer olhar nos olhos. De que adianta achar que posso tudo, sendo que a história deles rende muito mais do que a minha? Se a história deles traz muito mais lição do que a minha?

Mas a culpa não é totalmente minha. A sociedade me fez assim. São Paulo me fez assim. Minha mãe me fez assim? Me fez ter medo de uma pessoa que chega perto do carro e pede 'um trocado'. Me fez ter medo de alguém que não se veste como eu. Me fez falar 'VAI TRABALHAR!' pra quem tenta ganhar a vida de modos que não cabem a mim julgar.

Ver tudo aquilo me fez perceber que eu posso refletir, que eu posso até tentar. Mas, infelizmente, não vou conseguir tirar essa armadura que criei em volta de mim. O medo de quem não merece, infelizmente, vai ficar. Me arrependo, quero pedir desculpa. Mas nesse mundo louco não sei ainda eu quem eu posso confiar.

Conselhos gratuitos de uma garota não desse tipo

Por motivos almodovarianos você está no Centro, em uma agência de empregos no 22º andar de um prédio que tira a palavra xexelento do fundo do baú. A maioria das vagas oferecidas é para telemarketing e promotores de vendas. Tem muita gente dando um jeito por aí. Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, a vida não pára. Usando sua capacidade de encarar situações como um estudo antropológico, enquanto aguarda um minuto, senhora bisbilhota os currículos que se amontoam na recepção. De repente, vê em um deles um “objetivo” sensacional: “adquirir toda e qualquer experiência pretendendo atingir a realização pessoal e profissional.
Disponibilidade imediata”. Head-hunters e consultores de carreira não entendem nada!

Namorados de longa data ouvem das pessoas “vão casar quando”, jovens solteiros pensam em respostas cretinas para “cadê a namorada”, e bons profissionais que estão começando o terceiro emprego no quinto mês do ano abraçam as pessoas que perguntam “mas o que você quer” e lhes dão um beijo estalado na bochecha: uma porrada de coisas!

Quero um passaporte cheio de carimbinhos que correspondam a histórias. Quero saber cozinhar. Quero assistir logo ao filme do Michel Gondry com o Gael. Noutro dia vi na revista um fio de diamantes para prender o cabelo, quero isso também: “jogue fora o elástico velho que você carrega no pulso”, dizia a matéria. Eu sei que isso eu não vou ter, a revista era a Vogue Jóias, mas será que esses quereres servem? Será que posso ao menos falar isso em público e nesse horário?

Não quero viver colocando um visto depois das minhas ações: acordar – visto! Me vestir dentro da equação humor+armário+temperatura – visto! Comer pãozinho francês - visto! Ouvir música no trânsito, checar o relógio para ver se pode ir embora, entretenimento pela TV, dormir de novo. Visto, visto, visto, e vivido? Eu quero achar tudo do… (posso falar palavrão aqui?) muito legal. Quero querer mais. Não, não sei bem o caminho. Sim, me preparei, estou preparadíssima para isso, me preparei tanto que distendi o joelho e precisei sentar.

Talvez você precise saber o que quer para saber o que é muito legal, e corre o risco de não achar tão legal assim ao chegar lá. Talvez só vá saber experimentando. Talvez precise experimentar milhares de coisas diferentes e sem nenhuma relação entre elas a não ser você e sua vontade de descobrir a melhor de todas. Pode acontecer também de você mudar de idéia e ter que começar de novo.

Você pode ter uma imaginação de Monteiro Lobato, porém o roteirista dessa história é muito mais criativo, adora pregar peças e vai te desafiar constantemente. Se alguém recebeu um script quando esse filme começou, produção! Faltou o meu. Não sei minhas falas. Especialmente depois da deixa “o que você quer” me dá um branco total. Então improviso. Ao invés de colocar um visto ao lado do que foi feito, vou dando notas: sensacional, vale a pena, só pagando muito, checar mais tarde, e por aí vai.

Numa dessas, você está sob um céu estrelado com velhos amigos. Enquanto um cozinha, o outro conta as novidades, todos se atualizam sobre as respectivas vidas, riem de velhas histórias… outros planos para quê? Já não disseram que a vida é o que nos acontece enquanto fazemos outros planos?

*Só porque a Bruna Demaison manda muito. Quero escrever igual a ela quando crescer..

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Porque vim parar aqui

Na verdade pensei por alguns dias. A vontade era grande, mas sabia que o tempo, como sempre, seria curto. Quem diria. Logo eu que sempre torci pra viver só de números. Não é que agora eles me irritam? Não eles, mas viver só deles me traz irritação. Sinto necessidade de escrever, nem que seja por obrigação, como fazia há um ano. Eu tinha que escrever, tinha um tema, um tempo determinado e ODIAVA. Talvez o ódio vinha, de fato, por causa da obrigação. Mas agora não. Não sou obrigada. Comecei a sentir falta mesmo. Acho linda a matemática. Acho muito bonito o fato de ser a única 'língua' que pode ser falada em todos os países do mundo. Os números são iguais na China e na Itália, no Brasil e nos EUA, no Chile e na França. No mundo inteiro, eles nunca mudam. Sempre achei isso muito bonito. Muito fácil de lidar. Mas agora, depois de um semestre inteiro sem escrever, percebi que sinto falta das letras.

Desisti de tentar me expressar pelo orkut. Ninguém liga mesmo, quase ninguém lê. E o twitter.. 140 caracteres? Muito pouco pra tudo o que eu sempre tenho a dizer. Por isso vim parar aqui. Agora só me resta encontrar um tempinho entre o cálculo II e a física II, entre a química dos alimentos e a físico-química pra vir aqui e me livrar do peso que os números me trazem.

Sem mais.