terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ódio de odiar

Todos temos. Eu, você, sua mãe, quem crê e quem não crê. Não importa. Se você é intitulado ser humano você tem. E muito. Ódio. É claro que eu não sou ódio o tempo todo, não me baseio nisso, mas odeio, e muito.
           
Odeio que encostem em mim, odeio a pele de um desconhecido indesejado que me empurra na balada e me faz odiar cada segundo que estou ali no meio daquela pista de dança. Odeio que derramem bebida em mim. Odeio derrubar e fazer com que as pessoas me odeiem. Odeio homens de regata e corrente. Odeio meninas que malham de cabelo solto e empinam a bunda como se dissessem: “eu sei que sou gostosa”. Odeio quem se acha gostosa. Odeio homens que olham para mulheres como se elas fossem um pedaço de carne pendurado no açougue.

Banho fervendo no calor de Campinas, bater o pé na quina, pessoas que estão sempre sorrindo, pernas inquietas, cigarro, suco de laranja com açúcar, mau atendimento e pessoas que não sabem comer em silêncio.


Odeio pessoas que não usam desodorante, que não arrumam o cabelo e que não sabem a hora que devem parar de comer. Odeio filmes ótimos na televisão quando tenho que estudar assim como odeio ter que estudar. Em todas as ocasiões possíveis. Odeio chuva se tenho que sair. Odeio sol se tenho que ficar em casa. Odeio mau hálito e machismo e mulheres que se submetem a isso. Odeio ser mulher e sempre ter que chorar por tudo. E o que é pior, precisar de um homem para abraçar e só assim se sentir segura de verdade.


Odeio telemarketing, gerúndio e que me chamem de senhora. Odeio celulares que tocam, sei que todos no mundo tocam e só o meu vibra, mas eu continuo odiando mesmo assim. Odeio quem faz tatuagem sem sentido. Odeio quem não sabe o mínimo de português.


Odeio pessoas oleosas, peludas, suadas. Odeio suor. Odeio pele. Odeio meninas que são perfeitinhas demais e estão sempre cheirosas, depiladas, sequinhas. Odeio quem não sua na academia.


Odeio joia com cara de barata, odeio vestido de festa bordado. Odeio vestido de festa com cara de vestido de festa. Odeio saber a marca de todas as roupas que todas as pessoas usam. Me desgasta. Odeio saber todas as tendências e ser viciada em blogs de moda. Odeio ser julgada por gostar de moda. Odeio e simplesmente odeio azul marinho com preto e combinações monocromáticas e color blocking. Odeio não saber viver sem meu Blackberry e meu Iphone e ainda por cima não conseguir passar um dia sem entrar no Facebook. Odeio saber que só conseguirei me livrar disso se passar por um rehab, de verdade. Odeio quem diz pra eu sair do celular.


Odeio pessoas que comemoram que passaram numa faculdade que até meu cachorro passaria e quem diz “chupa alguma coisa”. Odeio caras que se vangloriam por ter “pego uma mina”. Coitada dela. Odeio a vontade de cantar quando escuto qualquer música que eu saiba a letra, em qualquer lugar. Odeio ter chorado na metade dos filmes que já assisti na vida. Odeio chorar. Odeio amar assistir Big Brother e passar o ano esperando aqueles imbecis sem nada na cabeça me alegraram por uma hora por dia.


Odeio arroto. Odeio com muita força, mas muita mesmo, pessoas que arrotam a qualquer momento na frente de todo mundo sem se importar. Odeio mulher que não se respeita. Odeio dúvidas e gente indecisa.


Odeio gordurinha e a desculpa de que tenho ossos largos. Odeio gente gorda que se acha magra e come abacaxi depois da feijoada para ajudar na digestão. Haja abacaxi. Odeio gente magra que se acha ou finge que se acha gorda. Odeio famílias perfeitas. Família boa é família com problema.


Odeio cumprimentar as pessoas que não conheço com beijo no rosto. Prefiro dar meu tchauzinho de longe. Odeio ser tão chata e tão sentimental e tão boba. Odeio odiar tantas coisas que nem cabem nesse papel. Odeio tudo na vida ter prazo, horário e data pra terminar. Odeio não ter tempo. Odeio não poder passar todas as horas com as pessoas que me fazem bem de verdade. Odeio odiar tudo que odeio. Odeio não conseguir terminar um texto sem chave de ouro. Como este. Odeio.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma festa no céu

Hoje o dia amanheceu cinzento. E eu sei o motivo. Todas as luzes estão voltadas para cima e não para baixo. Estão voltadas para o céu e não para a Terra. Tudo porque a senhora, ou melhor, você - já que não gostava que a chamasse de senhora e muito menos de dona - chegou. É dia de festa no céu hoje, por isso o dia está tão escuro aqui embaixo.

Meu corpo inteiro dói e vai ser difícil tirar essa dor e esse peso do meu coração por perdê-la. Foram sete anos de convivência e me arrependo por não ter te conhecido antes. Perdi pelo menos 15 anos de abraços carinhosos, olhares sinceros, lembranças mais do que memoráveis.
Você foi uma guerreira. Corajosa. Em pouco tempo pude acompanhar toda essa sua travessia por dificuldades, as quais você sempre lutava com um sorriso no rosto. Câncer, uma mãe doente, marido internado, queda de cabelo, inúmeras sessões de quimioterapia e você estava lá, firme e forte. Resistindo bravamente.

Você resistiu bravamente.

Consigo entender isso. Você tinha um motivo óbvio para ficar aqui, neste plano: a família maravilhosa, que você ajudou a construir. Seus netos que te amam como nunca amaram ninguém e eu me incluo nessa. Afinal, você sempre me dizia que eu era sua neta, lembra? Com o seu jeitinho engraçado e sempre simpático, foi formando as estruturas do seu clã. E, cativante que é, conseguiu. E mereceu, como poucos. Você nos deu muitas alegrias e memórias que não vão se perder. Isso eu te garanto. Não vou deixar.

Vou sentir saudades da sua risada, das suas tiradas venenosas, dos seus comentários impróprios. Do seu carinho. De atender seus telefonemas. Dos seus esquecimentos. De ouvir a mesma história pela terceira vez. E dos almoços nos domingos. E das festas de fim de ano... Enfim, de toda você.

Continue sempre assim, onde quer que esteja.

Te amo, vovó.
Fique com Deus. 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eu e eu mesma

Quando me dei conta dei de cara com ela. Aquela voz rouca e sem graça que não existe do lado de fora saíram de dentro para me fazer companhia. E quanto tempo que não tinha essa companhia? Sempre quis estar com outra. Comer, correr, malhar, estudar, dormir, nunca quis fazer nada disso sozinha, mas hoje quando ela se encontrou comigo, me mostrando que eu devo relevar, esquecer, não se preocupar, ela foi uma boa companhia. Ela é tão agradável que é como aquela amiga nova e simples, que a gente tem vontade de viajar, que não se preocupa de falar a besteira que for no meio da noite, que não tem vergonha, que faz xixi de porta aberta e não esta nem ai.

Eu já fui uma dessas meninas que estão sempre sorridentes, distribuindo beijos, abraços e simpatia por ai. Mas o tempo foi me cansando, essa menina ficou escondida bem lá no fundo e hoje depois de ver olhos revirando para mim duas vezes, ela resolveu voltar. Quem sabe eu tenha cansado de me preocupar, de ouvir conversas baixas, de não querer ouvir, de voltar a ser uma pessoa bacana e com menos inimizades. Não que eu não seja feliz assim. Sou. Mas ela me mostrou que eu devo ser mais leve. Voltar a me preocupar menos com os outros e mais comigo mesma.

Quando a vejo cumprimentando os outros fico nessa certeza, até um pouco doída, de que não existe nenhuma outra mais verdadeira. Que aquela sou eu e sempre fui. Sinto saudade e medo. E que todo o resto, todo o enorme resto, é só para guardá-la intacta em algum lugar onde as janelas são anti tudo.
Mas como sempre, eu vejo que esqueci a janela aberta e ela escapa. Dias assim são exceção, sabe? Quando ela vem e me mostra que eu devo ser de novo como ela. Dias de reflexão. Dias em que eu paro e penso e começo a achar que minha vida é vazia. Que minhas amizades não tem futuro e que a única pessoa que me entende ainda não mora comigo e não esta 24 horas ao meu lado. Quando a casca se rompe e racha e mostra a insegurança que tem por dentro, ela sai. E é lindo. Porque a maldade do mundo inteiro entende que não se brinca com as exceções da vida. E nada de mais acontece.

domingo, 20 de março de 2011

Quase sem querer


Simplesmente adoravel. De ouvir, ver e sentir. Voz impecavelmente perfeita.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Endless love


Vai chegar um dia na sua vida em que você não vai precisar mais de explicações. Não vai precisar mais procurar. Não vai precisar ter medo. Pensar que ele não vai te entender. Acreditar que você está sozinha. Que ninguém pode te entender. Vai chegar um dia em que todos vão te perguntar como você conseguiu. E vão dizer que você é muito nova ainda. Que precisa curtir a vida. Que sete anos é muito tempo pra quem tem 21 anos. Vai chegar esse dia e se você estiver com ele, você vai me entender.

Ele é perfeito. Ele é aquele tipo que chega a dar raiva. Ele faz o que você espera quando você menos espera. Ele te abraça quando você está armando a maior briga. Ele sempre surpreende. Ele faz caipirinhas, cozinha e arruma a casa. Ele sabe exatamente como te agradar. Ele não é como os de hoje. Ele paga as contas, abre as portas e te segura pela mão. Ele sabe quem são as pessoas e os lugares que você não quer nem passar por perto. Ele entende você melhor do que qualquer um. Ele sabe. Ele é. Ele faz. Ele.

Ele não é perfeito. Ele é aquele tipo que chega a dar raiva. Ele te entende, mas finge que não, só para ver você esbravejar. Ele se irrita com todas as suas manias. E diz que é para o seu bem. Ele odeia que você dirija o carro dele. Ele não aguenta chegar na sua casa e ver a bagunça que você faz. Ele diz que quando vocês casarem, você terá que se virar com isso. Ele diz que não quer casar, só pra te ver irritada. Ele não desiste de te ligar, mesmo sabendo que você não quer conversa. Ele é assim. Ele.

Ele odeia o seu celular. Ele sempre escolhe os melhores restaurantes. Ele acorda depois do meio dia e dorme depois da meia noite. Ele te leva em qualquer lugar, sem reclamações. Ele odeia críticas. Ele faz as melhores surpresas. Ele não manda flores. Ele te dá os melhores presentes. Ele briga por todas as coisas. Ele diz que te ama a cada segundo. Ele diz que você não sabe dirigir.  Ele te ensina a dirigir. Ele.

Ele é o meu perfeito. Uma mistura na medida do perfeito com o imperfeito. Cheio de qualidades e defeitos. Ele é assim. Essa mistura que te faz ficar completamente apaixonada a cada segundo. Dia. Ano. E quase década.

E hoje é o nosso dia. Valentine's day, sete anos de namoro. Parabéns e obrigada, meu amor. Te amo, hoje e sempre. Endless Love.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Declaração de amor

Hoje venho me declarar. Não, não é por aquela mesma pessoa de sempre que vocês estão pensando. Vim me declarar por aquela que eu tive que fugir durante muitos dias no fim do ano. Por aquela que me deixava mal toda vez que a olhava, mas não podia ter aquele tête a tête tão habitual. Por aquela que eu amo de todas as formas possíveis. Aquela. Sim, ela. A batata.

Não dêem risada de mim. A relação entre nós é muito séria e começou muito cedo. Eu mal sabia andar e minha mãe, quem nos apresentou, já vinha com uma pequena porção dela, toda amassadinha, me levando às primeiras porções de prazer em forma de carboidrato.

Depois fui ficando mais velha e fui conhecendo as outras formas que existiam para que eu pudesse amar também. Sauteé. Assada. Frita. Empanada. Palha. Amassada. Purê. Recheada. Refogada. Todas essas me fazem salivar. E sabe o que é pior (ou melhor)? Não consigo fugir delas.

Quando passei meus dias de tensão sem carboidrato era dureza. Em qualquer lugar que se preze você abre o cardápio e pergunta, já sabendo a resposta: “O que acompanha o filé?” e o garçom responde: “Fritas, mas posso trocar por legumes grelhados.” Legumes grelhados no lugar de fritas? Brincadeira, né? Como continuar no regime se você pode saborear aquelas delícias crocantes e o melhor: comê-las com as mãos. Porque não existe coisa melhor do que comer batatinhas com as mãos.

Gosto muito de um restaurante aqui em São Paulo que serve apenas um prato. O entrecôte fatiado com um molho secreto acompanhado de fritas. Dizem que a grande estrela da casa é o suculento entrecôte e o tal molho que demora 30 horas (literalmente) para ficar pronto. Não vou dizer que não é maravilhoso. É sim. Fantástico. Mas, cá entre nós... A grande estrela da casa são aquelas batatinhas fritas, sequinhas e o melhor: à vontade. São elas que fazem aquele restaurante francês ficar lotado, sete dias por semana.

Desisti de fugir delas. Se eu vou fugir da dieta eu não quero refrigerante, chocolate, pudim, lanches, maionese. Eu quero batatinhas. Aos montes e de todas as formas possíveis. Por isso hoje vim aqui declarar meu amor por vocês, oh batatinhas. Não sumam da minha vida. Vocês podem até me deixar meio gordinha, mas que eu amo vocês... Ah, como amo!