quarta-feira, 6 de abril de 2011

Eu e eu mesma

Quando me dei conta dei de cara com ela. Aquela voz rouca e sem graça que não existe do lado de fora saíram de dentro para me fazer companhia. E quanto tempo que não tinha essa companhia? Sempre quis estar com outra. Comer, correr, malhar, estudar, dormir, nunca quis fazer nada disso sozinha, mas hoje quando ela se encontrou comigo, me mostrando que eu devo relevar, esquecer, não se preocupar, ela foi uma boa companhia. Ela é tão agradável que é como aquela amiga nova e simples, que a gente tem vontade de viajar, que não se preocupa de falar a besteira que for no meio da noite, que não tem vergonha, que faz xixi de porta aberta e não esta nem ai.

Eu já fui uma dessas meninas que estão sempre sorridentes, distribuindo beijos, abraços e simpatia por ai. Mas o tempo foi me cansando, essa menina ficou escondida bem lá no fundo e hoje depois de ver olhos revirando para mim duas vezes, ela resolveu voltar. Quem sabe eu tenha cansado de me preocupar, de ouvir conversas baixas, de não querer ouvir, de voltar a ser uma pessoa bacana e com menos inimizades. Não que eu não seja feliz assim. Sou. Mas ela me mostrou que eu devo ser mais leve. Voltar a me preocupar menos com os outros e mais comigo mesma.

Quando a vejo cumprimentando os outros fico nessa certeza, até um pouco doída, de que não existe nenhuma outra mais verdadeira. Que aquela sou eu e sempre fui. Sinto saudade e medo. E que todo o resto, todo o enorme resto, é só para guardá-la intacta em algum lugar onde as janelas são anti tudo.
Mas como sempre, eu vejo que esqueci a janela aberta e ela escapa. Dias assim são exceção, sabe? Quando ela vem e me mostra que eu devo ser de novo como ela. Dias de reflexão. Dias em que eu paro e penso e começo a achar que minha vida é vazia. Que minhas amizades não tem futuro e que a única pessoa que me entende ainda não mora comigo e não esta 24 horas ao meu lado. Quando a casca se rompe e racha e mostra a insegurança que tem por dentro, ela sai. E é lindo. Porque a maldade do mundo inteiro entende que não se brinca com as exceções da vida. E nada de mais acontece.

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