terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma festa no céu

Hoje o dia amanheceu cinzento. E eu sei o motivo. Todas as luzes estão voltadas para cima e não para baixo. Estão voltadas para o céu e não para a Terra. Tudo porque a senhora, ou melhor, você - já que não gostava que a chamasse de senhora e muito menos de dona - chegou. É dia de festa no céu hoje, por isso o dia está tão escuro aqui embaixo.

Meu corpo inteiro dói e vai ser difícil tirar essa dor e esse peso do meu coração por perdê-la. Foram sete anos de convivência e me arrependo por não ter te conhecido antes. Perdi pelo menos 15 anos de abraços carinhosos, olhares sinceros, lembranças mais do que memoráveis.
Você foi uma guerreira. Corajosa. Em pouco tempo pude acompanhar toda essa sua travessia por dificuldades, as quais você sempre lutava com um sorriso no rosto. Câncer, uma mãe doente, marido internado, queda de cabelo, inúmeras sessões de quimioterapia e você estava lá, firme e forte. Resistindo bravamente.

Você resistiu bravamente.

Consigo entender isso. Você tinha um motivo óbvio para ficar aqui, neste plano: a família maravilhosa, que você ajudou a construir. Seus netos que te amam como nunca amaram ninguém e eu me incluo nessa. Afinal, você sempre me dizia que eu era sua neta, lembra? Com o seu jeitinho engraçado e sempre simpático, foi formando as estruturas do seu clã. E, cativante que é, conseguiu. E mereceu, como poucos. Você nos deu muitas alegrias e memórias que não vão se perder. Isso eu te garanto. Não vou deixar.

Vou sentir saudades da sua risada, das suas tiradas venenosas, dos seus comentários impróprios. Do seu carinho. De atender seus telefonemas. Dos seus esquecimentos. De ouvir a mesma história pela terceira vez. E dos almoços nos domingos. E das festas de fim de ano... Enfim, de toda você.

Continue sempre assim, onde quer que esteja.

Te amo, vovó.
Fique com Deus. 

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