sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Minha grande amiga TPM

Primeiro dia. Simplesmente abri o olho pela manhã e sabia que ela estaria ali, junto comigo pelo resto da semana. Quase arrisquei um bom dia, mas sua cara era tão feia, que achei melhor não. Ela me diria "Bom dia pra quem? Só se for pra você!", aí achei melhor deixar como estava. Falei pra ela que não precisava ficar no pé, que eu estava cansada, que precisava de férias, que queria um feriadinho no meio da semana e ela quase arranjou briga comigo. Achei melhor não discutir mais uma vez.

Saí de casa e ela estava ao meu lado. Me empurrando. Me dando dor de cabeça. Querendo que eu desse atenção pra ela, mas eu não queria. Sai daqui, me deixa em paz. Vou ficar irritada com você e ela não se abalou. Falou pra mim que iria começar a chorar se eu não desse bola e eu falei que podia chorar, sem problemas. Não vou consolar ninguém.

Tentei por horas não olhar pra cara dela, ignorei o quanto pude, mas quando eu menos esperava.. Ela me pegou pela mão e eu já estava sentido o que ela sentia. O calor que faz nessa cidade começou a me irritar mais do que de costume e eu espraguejei baixinho meu país, falei que eu queria morar em um lugar aonde no verão faz 15 graus e todo mundo está feliz e agasalhado. Dei um passo e tropecei na calçada, quase caí de cara e ela me segurou. Fui atravessar a rua e um carro preto passou colado na minha barriga, tudo porque estava distraída com ela tentando me mostrar suas várias caras. Fui conversar sobre mim com uma quase desconhecida e ouvi coisas que não esperava ouvir. Mas ela estava ali, ao meu lado, segurando minha mão. O que fez meus olhos se encherem de lágrimas na frente de alguém que eu não queria que me visse chorando. Eu não sou fraca. Eu não sou tímida assim. Eu sou forte. Eu falo o que eu quero sempre. Eu sempre me ferro por isso. Mas porque dessa vez não consigo mostrar quem eu sou, de verdade? Porque tive que ouvir julgamentos que não cabem a mim? Ok, eu confesso, eu sou desorganizada. Deixo para a última hora, de verdade. Mas eu vesti a camisa, poxa! Eu pensei em dar muito mais de mim do que eu normalmente daria. Mas aí recebi um balde de água fria.

Tudo culpa dela. Ela me fez ficar assim por uma coisa que nunca me abalaria. Eu só estou chorando por um motivo babaca, porque ela estava do meu lado, segurando minha mão e me passando seus sentimentos que mais parecem uma montanha-russa. Não quero sentir o que você sente, TPM, vai embora, sai daqui. Não ligo se você ficar chateada. E espero que você nunca mais volte mesmo. É, nunca mais. Você me deixa mal, me deixa brava, faz brigar com meus amigos, namorado e família, me faz chorar na frente de pessoas que não deveriam estar escutando meus problemas. Poxa, você pode por um mês, se quer, me dar sossego? Deixar eu seguir minha vida como os outros 21 dias do mês eu segui. Por favor?

Aí ela fica brava. Vermelha de raiva comigo. Fala que nunca mais vai voltar e que me odeia com a voz embargada das lágrimas na garganta. Fecha a porta e eu dou um sorriso. E como o verão que de repente some, mas a gente sabe que um dia vai voltar.. Daqui a pouco ela abre a porta, entra devagarinho, deita comigo na minha cama, pega na minha mão e.. Ah não, TPM, de novo, não!!