quarta-feira, 31 de março de 2010

E lá se foram os vinte...

Quando eu penso vinte. Eu penso, pô, só vinte, sabe? Sou tão nova. Tenho pelo menos uns sessentinha pela frente. E se a medicina continuar nesse ritmo frenético, posso chutar uns oitenta, noventa. Mas aí eu lembro que são vinte e um. Vinte. E. Um, entende? Não sou mais adolescente. Não posso mais dar a desculpa que foi tudo culpa da minha mãe. Ou que ela não deixou. Não posso mais falar que eu sou muito nova. Pode ser exagero meu, mas estou chegando perto dos trinta. Passar dos vinte é estranho. Não quero ser adulta. Mas eu quero casar. Não quero procurar emprego. Mas eu quero meu dinheiro. Não quero falar que eu já tenho vinte e um. Mas quero poder ir pra Las Vegas logo.


Sabe a síndrome de Peter Pan? Então. Alguém me leva para a Terra do Nunca. Constrói uma Unicamp, Perdizes, Barão Geraldo, Casa da mamãe, Casa da Laís, cinema com meu lindo, Campinas Hall, Shopping Iguatemi, Yogoberry e me deixa um pouco lá vai. Espera eu passar em cálculo II, física III, química orgânica. Espera eu me formar, arranjar um emprego e quando eu estiver quase casando me traz de volta pra realidade. Aí sim eu vou poder dizer que estou feliz com meus vinte e um anos, formada, empregada e casada. Com tempo de sobra pra viver o casamento. Ir pra balada com meu filho. Trocar de emprego mil vezes e, quem sabe perceber que eu não gosto de engenharia. Quem sabe ganhar a vida escrevendo alguma coisa que me faça bem em alguma revista que eu ache bacana. Ou talvez cuidando da minha própria academia e podendo malhar o dia inteiro. Ou quem sabe encontrando tempo pra dormir e acordar com a neve caindo lá fora. Passear pela 5th Avenue como quem anda pela Avenida Sumaré. Ou talvez dirigindo uma Escalade em Miami como quem dirige uma Zafira em São Paulo.

E talvez seja essa minha busca por mais tempo para decidir minhas dúvidas que me põe maluca. Porque eu simplesmente não poderia ser daquelas pessoas que, com dez anos de idade, já sabem que querem ser médicos e assim vão ficando, até sair do colégio, fazer mil anos de cursinho e, enfim, cursar a Pinheiros e ser feliz pra sempre? Porque eu, que desde a sexta série, já passei por modelo, publicitária, médica, jornalista, administradora, porque fui acabar bem na ENGENHARIA? Porque? Só pra fazer com que meus vinte e um anos pareçam trinta e ficar achando todos os dias que sou velha e não terei mais tempo de terminar essa faculdade? Porque?

Meus amigos dizem pra eu parar com essa bobagem. Minha mãe diz que nada na vida tem idade. Meu namorado acha simplesmente que eu tenho algum problema. Meu pai acha que os dois anos de cursinho me deixaram meio atormentada. Minha irmã dá risada. Mas e eu? E eu? Eu não sei. Não sei o que eu quero da vida. Não sei se é engenharia, jornalismo, publicidade ou simplesmente ganhar na Mega Sena e ir curtir esse mundão com tempo de sobra. Se for mesmo verdade que “as pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam o que queriam da vida aos vinte anos”, fico feliz. Ter vinte e um e ainda não ter se encontrado também pode ser?

2 comentários:

Unknown disse...

eu acho que vc deveria escolher ganhar na mega sena e abrir uma academia com sua friend aqui..!!
hahahaha
TE AMO!

Anônimo disse...

Achei seu post quando digitei 'não gosto de engenharia' no Google, porque eu tbm estou desiludida com isso. Definitivamente, não gosto disso. Fico fazendo contas de quanto tempo vai levar para eu me formar ou em quanto tempo me formaria se abandonasse isso. Também tenho 21 anos, estou sem certeza de nada e estou vendo a engenharia acabar com meu tempo. Ó, curso infeliz!
Enfim, desejo boa sorte a ti na megasena. :D